Ideologias nem sempre são tão relevantes

"Por vezes é preciso repensar"
Ponte Badong sobre o Rio Yangtze, em Hubei, China (巴东长江大桥 Bā dōng chángjiāng dàqiáo)
Imagine que você é um liberal como eu e é agraciado com a chance de governar um país. Certamente cortar impostos será uma prioridade, assim como reduzir o tamanho do Estado e livrar o povo de todas as pesadas amarras que toda essa máquina impõe. Há propósito mais nobre que esse?
Bem, claro que o caminho não é assim tão simples; há movimentos políticos que estarão contra você e sindicatos poderosíssimos e em grande número. Eles são normalmente melhores em vender o seu peixe do que nós liberais porque eles sabem dialogar com o povão muito bem, apesar de tudo não passar de propaganda falaciosa.
Mas, enfim, chega o momento em que estamos em uma encruzilhada; você possui muito pouco dinheiro, sua economia está em crise, e há pressões vindo de todos os lados, em especial dos seus eleitores. O que fazer? Bem, você não pode simplesmente cortar, por exemplo, gastos sociais. E aí está o turning point: por vezes, a ideologia é menos importante do que os fatos.
Seu país está com milhões de desempregados, então o argumento "emprego é o melhor programa social" fica inválido. Essas pessoas não possuem uma saída, e você terá que manter o pagamento desses benefícios por um tempo até que as coisas voltem ao normal. As empresas também estão passando por dificuldades, e mesmo que você reduza ou elimine drasticamente muitos impostos, a roda ainda vai demorar a girar.
Para piorar, você está dentro de um bloco econômico que praticamente o proíbe comercializar livremente com o resto do mundo, o que deixa os seus produtos menos competitivos e a sua arrecadação, igualmente menor.
Todos esses problemas podem ser resolvidos usando os princípios mais básicos da economia austríaca, mas que demorarão um certo tempo para funcionarem. Você precisa se preocupar também em qualificar oseu país e deixá-lo atrativo.
O melhor exemplo é a China. Dita comunista, ela é, segundo a heritage foundation, mais liberal que o Brasil! É mais fácil contratar e demitir, os impostos são menores, enfim... o governo chinês possui amplos programas de habitação que prometem trazer para as cidades, onde estão os melhores empregos, mais de 250 milhões de pessoas, e protagoniza o maior programa da história na qualificação da infraestrutura.
A China abandonou muito do comunismo e do marxismo usando uma lógica simples: "ideias que funcionam, mas aos nossos moldes." Esse é que deve ser o objetivo nosso; sem utopias, mas sim priorizando aquilo que dá certo.

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