Astrofotografia em Porto Alegre/RS!
"Existe lugar sim dentro da maior cidade do RS"
Observar e registrar o Universo. Um dos meus hobbies mais recentes encontrou uma barreira já no seu começo: a poluição luminosa.
Como é natural em todas as grandes e ricas cidades, a iluminação pública nos esconde alguns tesouros no céus. Porto Alegre substituiu recentemente todas as suas luminárias por modelos de vapor de sódio de baixa pressão, altamente eficientes em termos energéticos e razoáveis no quesito poluição luminosa, já que permitem que luz escape num ângulo de 180°.
Os índices médios de poluição luminosa na minha região são proibitivos para observações: aproximadamente 56x10-9W cm² * SR. A via láctea e 90% das estrelas, pelos meus cálculos, são invisíveis mesmo com câmera em longa exposição. E mesmo nos casos em que aparecem, o ruído gerado pela iluminação inviabiliza ajustes, pois meu equipamento não salva imagens em formato RAW e é relativamente simples.
Índice de poluição luminosa em Porto Alegre |
Entretanto, a zona sul da cidade é espetacular. Nas margens do Guaíba, em bairros como Ipanema, já é possível ver uma diferença brutal:
Praia de Ipanema, exposição de 30 segundos, ISO400. |
Lá há um pequeno píer de concreto que fornece blindagem adicional a qualquer luminosidade advinda das lâmpadas do parque.
O índex de poluição luminosa local de acordo com o light pollution map é de 6.89 x10-9W cm² * SR. Mas o grande trunfo mesmo é que, para sudoeste, simplesmente não há poluição luminosa! A outra margem do Guaíba é praticamente inabitada e a quantidade de luzes é tão baixa que não duvido ser possível capturar ainda mais detalhes da via láctea com uma boa câmera DSLR.
Aliás, uma curiosidade para quem nunca viu a olho nu a via láctea: ela não é aquela coisa colorida que vemos nas fotos, mas sim, literalmente um 'caminho' não branco, mas levemente acinzentado no céu. Você poderá inclusive confundi-la com nuvens altas num primeiro momento!
A forma mais fácil de descobrir onde ela está é localizar o cruzeiro do sul. O trecho com mais estrelas está em sua volta.
Algumas fotos(todas com exposição de 30 segundos, ISO3200( máximo admitido por minha GE X-500)):
Poluição luminosa de balneários próximos e do Lami. |
Poluição luminosa das luzes do parque bloqueada pela parede. |
Fraca poluição luminosa no horizonte sudoeste proveniente de alguma fábrica. |
Via láctea para sudoeste, com poluição luminosa de Barra do Ribeiro. |
Via láctea no zênite. |
-Ter uma câmera que possibilite abertura de obturador mínima de 15 segundos. ISO mínimo de 400( o mesmo deve ser usado com moderação porque na maioria das vezes insere muito ruído na imagem, mas quanto maior, melhor) e também a maior abertura focal possível. A função zoom não deve ser utilizada de forma alguma porque reduz a entrada de luz! Se você possuir um orçamento de até 500 reais, recomendo a GE X-500 que eu uso. Acima disso, se puder espichar para 1000 ou mais, invista numa boa DSLR Canon.
-Um dia sem lua(VITAL!!). De preferência, frio e que seja imediatamente após a passagem de frente fria ou chuva, já que atmosfera "suja" ajuda a piorar o efeito da poluição luminosa.
-Um local escuro onde não incida luzes na câmera, inclusive pelas laterais. Para localizar um bom ponto, busque por este mapa.
-Se sua câmera não possuir disparo remoto, ative o timer por 2 segundos, assim não haverá trepidação no momento em que você bater a foto.
-Se possível, tenha um tripé para apoiar a câmera, embora possa deixá-la na areia ou no chão mesmo sem problema.
-Se o seu objetivo é tirar fotos com ausência total de poluição luminosa num raio de 360°, considere um raio mínimo de 50 quilômetros de cidades médias e grandes entre montanhas, e 75km em locais planos.
-Para fotos apenas na zênite, conte apenas com a poluição luminosa local.
Acabei de descobrir que dá pra ver a via Láctea de poa. Legal!
ResponderExcluirMuito bom. Sabe se tem algum grupo para amadores?
ResponderExcluir